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Casa da Achada

Leitura Furiosa 2009 em Lisboa

 

 

Desenho de Nadine Jacinto Rodrigues

Se amandássemos bueda água

 

A Maria é a Puca e vai hoje pela primeira vez às compras ao supermercado que há lá para os longe-longes. À volta, mete-se por umas ruas desconhecidas, umas lisboas mais amplas que as do Bairro do Castelo, e confunde-se, desorienta-se, perde-se. Toca à campainha de uma Casa Vermelha a pedir ajuda, “por favor, alguém”, e, tã-tã-tã-tã, quem é que abre a porta? É a Beatriz, senhoras e senhores, a Beatriz disfarçada de Feiticeira-Disfarçada-de-Senhora-Simpática. Estava naquele momento a cozinhar uma poção mas à Puca diz que é só um bitoque. Lá por casa anda ainda a Mariana a fazer de Gato Milupa para ajudar ao teatro geral. Muito simpática, a Feiticeira sai com a Puca para a ajudar a encontrar o caminho de regresso ao Bairro do Castelo. Andam um bocado e descobrem Outra Casa Vermelha. A porta abre-se sozinha, uuuuu. A Inês, que é ao mesmo tempo três coisas: Irmã da Puca, Também Feiticeira e Dona da Outra Casa Vermelha, esconde-se para lhes pregar um susto. (Entretanto ninguém desconfia que a Joana, que agora desmonta a sala de estar com acrobatíssimas acrobacias acrobáticas, é nem mais nem menos do que, pois, um Cão-Demónio.) Mas não é tudo. Sentadinhos debaixo da mesa, estão os dois Irmãos da Puca, concentrando-se a ver se conseguem entrar inteiros nas personagens. O André será o El Tigre e o Ricardo o Monstro da Gelatina. Falam pelos cotovelos para que o Mundo não os desconcentre nem um milésimo. E a certa altura, zup-chlap-bóing, aparecem todos ao mesmo tempo, num salto uníssono. A Puca apanha um susto, ah, mas é de felicidade-alegria. Chegou a casa, é ali a Casa Vermelha dela afinal, agora já se lembra de tudo, para trás e para a frente. E Lisboa é só um sonho e o Bairro transforma-se num Castelo e no meio do nosso palco aparece aquela fonte mesmo fixe. É um grande final, senhoras e senhores, meninos e meninas, um verdadeiro instante olé. Para festejar, lançam-se todos ao trabalho. O exercício de hoje é inventar água para que a fonte seja mais fonte. É um trabalho bom e altamente impossível. E as palavras mágicas são: Se amandássemos bueda água. Experimentem lá, experimentem todos. Vão ver que funciona ou eu não me chamo Jacinto o Ogre de Cartola. Se amandássemos bueda água! Se amandássemos bueda água! Se amandássemos bueda água!

                                                                      

Jacinto Lucas Pires

(e Maria, Beatriz, Mariana, Inês, Joana André, Ricardo)

na Escola do Castelo

 

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